Como o próprio nome já diz alucinações musicais, são alucinações que diferente de alucinações audioverbais onde a pessoa escuta vozes que “conversam” e lhe dizem coisas (mais encontradas em casos de esquizofrenia e psicose) a pessoa afetada ouve músicas.
Mais comum em pessoas acometidas por surdez grave os pacientes afetados têm relatos de ouvir música, com som vívido e claro em vários momentos do dia. Pacientes relatam não ter controle sobre os episódios nem das músicas que são ouvidas.
Em casos de surdez e perda auditiva, a explicação fisiológica para o fenômeno é que a parte do cérebro responsável por receber as informações sonoras, acaba gerando informações de forma independente. Semelhante a casos de “membro fantasma” em pessoas amputadas, onde o indivíduo ainda sente o membro que não existe mais. Isso ocorre pois o córtex cerebral, que possui um mapa sensorial das partes do corpo, ainda possui uma área de representação da região amputada, o que dificulta o cessar das sensações corporais.
Ouvir as alucinações musicais ativam áreas cerebrais também ativadas na audição de música “real”, evidenciado o porquê de as alucinações serem tão vividas, afinal, “são reais e fisiológicas” (Sacks, 2007).
O ilustre neurologista, Oliver Sacks, escreveu um livro (um dos mais completos sobre música e neurociência) chamado Alucinações Musicais (2007), onde ele detalha mais sobre o assunto trazendo inclusive casos de pessoas que sofreram de alucinações musicais e outros casos curiosos de outras patologias.
As músicas ouvidas nas alucinações dependem das experiências sonoras vividas pelo indivíduo acometido, podendo ser músicas que fazem parte da história de vida do paciente, mas também podem ser músicas da época em que ele está vivendo ou, em alguns casos, a música é influenciada pelo ambiente, onde se o indivíduo estiver próximo a uma igreja pode ouvir músicas tocadas na mesma, como no caso da Sra. C, citada por Sacks (2007).
Por fim, os tratamentos variam de indicação de medicamentos como anticonvulsivos e implementação do implante coclear, porém, ainda torna-se necessário a realização de mais estudos para implementação de tratamentos mais eficazes.
E aí? Sabiam da existência das alucinações musicais?
Comenta aí, quais outras coisas loucas você sabe que nosso cérebro pode fazer?
Demidoff, A. de O., Pacheco, F. G., & Sholl-Franco, A. (1). Membro-fantasma: o que os olhos não vêem, o cérebro sente. Ciências & Cognição, 12. Recuperado de http://cienciasecognicao.org/revista/index.php/cec/article/view/651
SACKS, Oliver. Alucinações musicais: relatos sobre a música e o cérebro. Editora Companhia das Letras, 2007.